segunda-feira, 26 de abril de 2010

Pedaços IV

Olho para ti e engulo, tudo o que passa, o tempo que não tivemos.
Não vás! Fica comigo, escolhe-me e leva-me. Eu estou aqui e tu sabes.
Solta, encolhida, feliz, a viver, com a saudade.
Fico quieta , fecho os olhos e escuto, a melodia de sempre.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Deus e a Fé

Eu tenho FÉ. Acredito em Deus. Acredito, admiro e amo Jesus. Sinto-me filha de Deus e venero Nossa Senhora. Sempre tive uma educação católica, das antigas, mas sempre tentei ver as coisas de uma forma aberta e não acreditar em tudo cegamente. A minha necessidade de espiritualidade e de dar explicações ao sobrenatural sempre me fizeram olhar para o lado em relação às outras religiões. Vendo muitas coisas similares, nos seus princípios mais básicos, divergindo depois nos mais práticos e por isso adaptando-se cada uma às tradições de cada povo. Ou seja, sempre achei que como nasci em Portugal sou católica, mas se tivesse nascido noutro sítio seria outra coisa qualquer, mas nunca ateia.

Mas quando falamos de Igreja a coisa muda, e tenho também com ela uma relação muito minha, e que tenho tentado melhorar através dos anos.

A nossa relação com a Igreja tem mesmo que ser pessoal, nós somos individuais, a Igreja são os indivíduos que dela fazem parte, logo todos somos a Igreja. E todos temos o direito de fazer parte dela, cada um com a sua individualidade e com a sua relação com Deus. Só quem tem muita Fé e acredita na imensidão do amor de Deus é que consegue assumir este compromisso com Ele, sem precisar que outros homens lhe digam como agir.
Não são os indivíduos que fazem parte da Igreja que se julgam uns aos outros. É só Deus, nesta relação “eu-Deus” que só Ele conhece, mais ninguém.
Não reconheço aos padres nem a ninguém o direito de me julgar ou de me dizer como eu devo viver a minha vida. A minha fé é suficientemente grande para eu assumir a responsabilidade perante Deus dos meus actos.
E depois, se estiver a fazer alguma coisa mal quem vai arder no Inferno sou eu, por isso…
Mas não tem sido fácil e não cheguei a este patamar assim de repente não. Tenho falado com pessoas, da Igreja e não só. Pensado, repensado, sonhado e meditado (menos…). E às vezes ainda tenho dúvidas.

Eu podia viver a minha Fé, sem precisar da Igreja pois podia, mas eu sinto-me bem a integrar, a fazer parte de uma coisa maior e na verdade sinto-me parte dela e gosto dos rituais. Cada vez que presencio o momento mágico da elevação, sinto que um milagre acontece. Não tenho a mais pequena dúvida que é Deus que entra ali. Este poder iniciático de convocação, muito mais importante do que o de julgar os demais, eu reconheço totalmente aos padres.

A Igreja católica, instituição, como tudo na vida onde há pessoas e poder, tem tido partes muito negras. Mas também tem feito coisas fantásticas. Assim como há padres e leigos demasiado moralistas, que querem que todos sejam castos à sua medida, que aspiram à Santidade (acho isto quase blasfémia), que ainda acham que “O pecado” continua a ser o sexo, ou com quem se pratica…Há outros que são egoístas, tarados, assassinos, pedófilos. Uns não concordam com a minha postura e outros há que eu não concordo com a deles. Pois não são uns nem outros que me vão afastar da minha Igreja.
Para eu ter a liberdade de participar também tenho que dar aos outros essa liberdade. Não julgar, nunca, nós não somos Deus. E Ele enviou o Seu Filho para nos ensinar a amar, e os homens continuam a dar importância a mesquinhices e a desvalorizar o mais importante.
Só gostava que deixassem as pessoas em paz e não continuassem a ensinar às nossas crianças a religião do medo, da hipocrisia, dos falsos moralismos e do preconceito.
Por isso eu não consigo virar as costas, quero fazer parte para mostrar ao mundo que a Igreja também é assim, também tem pessoas como eu, que se assumem como são e se entregam sem medo nas mãos de Deus.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Sonhei com uma dança

Sonhei com uma dança!
Sonhei que tu, desconhecido, atravessavas a sala, olhando-me nos olhos, sorrindo e eu sorrindo em troca. Como se te esperasse, como se ansiasse há muito a tua chegada, como se soubéssemos.
Demos os braços, abraçaste-me, enlaçaste-me e eu encaixei-me em ti como se já soubéssemos.
E começamos a dançar, rodopiar, como uma valsa.
E eu sentia os teus braços à minha volta, fortes, seguros. A tua mão, dada, com a minha, como se sempre estivesse. O calor do teu corpo junto ao meu, como se pertencessem. E umas vezes encostavas a tua cara à minha e outras vezes olhavas-me nos olhos, como se me visses.
E sempre a dançar, a flutuar, como se voássemos. E não havia mais nada à volta. Era o céu.