quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Abandono

Páro o carro, desligo-o e fico sentada a olhar em frente.
Ao fundo o mar, a seguir a praia, mas não a vejo. Uma casa grande, com ar abandonado. Uma rua estreita que leva as pessoas à praia. A linha do comboio. As quatro faixas movimentadas da marginal. E eu. Nos passeios da marginal, em vinte minutos passaram quatro pessoas. E foi no passeio entre a linha do comboio e a estrada. Mais um agora. Todos em direcção à estação, excepto este. A primeira era uma rapariga alta, magra, de pele clara e cabelo preto. Ar de eslava. Calças justas dentro de botas altas, estrangeira, mas não turista, a ir para o trabalho. A seguir um senhor. Com alguns cabelos brancos, africano. De calças e blazer de fundo claro, com riscas, camisa escura. Fez-me lembrar um músico de jazz. Depois uma mulher, de casaco comprido, com um saco de plástico. E finalmente o que ia ao contrário dos outros. Um homem, apressado, de maleta. Todos personagens deslocados no tempo e no espaço. Figurantes de um filme, ou de vários. Eles? Ou eu?