segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Porta-retrato # 3

Será que me vês? Às vezes tenho essa sensação, quando ando na rua, sózinha, que tu me estás a observar, com um sorriso, aquele que me fazias.
Será que me ouves? É que às vezes eu falo para ti, só para ti, como se aqui estivesses.
Será que me sentes? Como eu te sinto, aqui dentro, colado a mim, numa saudade pegajosa, sem tempo e sem sentido, infinita...

sábado, 8 de outubro de 2011

Des-Ilusões

A principal razão que me faz chorar é a desilusão. Exactamente, como a própria palavra indica, quando existe ilusão e ela cai por terra.
Tenho a ilusão que uma pessoa é "assim" e ela diz uma palavra, ou tem uma atitude que não se coaduna com essa imagem que tinha dela. Vêm-me as lágrimas aos olhos, se não é a primeira vez, ou choro, se é. O pior é que uma, ou duas, ou três desilusões não me conseguem tirar essa ilusão que tenho sobre certas pessoas, e estupidamente elas continuam a desiludir-me. Ou por outras palavras eu sou estúpida em iludir-me vezes e vezes e continuar a teimar na ilusão.
Uma ilusão não é real. Temos a mania que não temos ilusões, pelo menos eu tenho, mas no fundo tudo se resume a isso. E a ilusão maior é a que as coisas, pessoas e situações são permanentes. A ilusão de que não existe a morte. E essa, a morte, é sempre a nossa maior desilusão.
Estava ali sentada, naquela praia que foi “a minha” durante anos e há anos… Entre pensar, olhar o mar, meditar, reparei num casal de namorados sentados numa rocha enorme que se recorta no mar, abraçados, pertencendo. E lembrei-me do teu abraço. Mágico, grande como este mar, envolvente, encaixante, protector.