Escrevo sempre sobre certezas,
ou quase, pensamentos que me chegam como
epifanias. Coisas que aprendo, apreendo, que começo a entender. Mas normalmente
o meu pensamento é uma enorme interrogação. O que é que eu fiz? O que é que eu
faço? Para que é que eu sirvo?
Sempre ansiei por fazer
algo realmente útil. Ajudar pessoas. Ir para África. Fazer a diferença em algo.
Algo que me transcenda. E só vejo os anos passarem e eu sempre à espera que me surja a ideia.
Aquela ideia que vai mudar tudo! Que me apareça aquela pessoa que me leve ao
meu caminho. Á minha missão nesta vida! E os anos passam e nada acontece, pelo
menos de extraordinário.
Mas será que “acontecer” é mesmo isto? Ir acontecendo, ir fazendo... Que o extraordinário é um caminho e não um acontecimento?
Mas será que “acontecer” é mesmo isto? Ir acontecendo, ir fazendo... Que o extraordinário é um caminho e não um acontecimento?
Tenho vivido os últimos anos dedicada aos meus filhos, a que nada lhes falte. A dar-lhes e a mostrar-lhes todo o amor que sinto realmente por eles. Num frenesim irreal, a correr de um lado para o outro para que eles possam crescer e fazer as escolhas certas, para que tenham acesso a tudo o que lhes pode eventualmente ser útil, realiza-los no futuro, serem pessoas integras e, principalmente, felizes. O meu amor por eles é tão grande que mesmo assim nada disto ás vezes me parece que chega. Continuo a achar que não faço o suficiente, que falta sempre alguma coisa. Esta insatisfação, não por querer mais mas por querer ser mais. Parece que estou cá em baixo, e me estico e estendo os braços mas não consigo chegar lá acima, onde deveria estar.