quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Ás vezes sou assim



Escrevo sempre sobre certezas, ou quase,  pensamentos que me chegam como epifanias. Coisas que aprendo, apreendo, que começo a entender. Mas normalmente o meu pensamento é uma enorme interrogação. O que é que eu fiz? O que é que eu faço? Para que é que eu sirvo?

Sempre ansiei por fazer algo realmente útil. Ajudar pessoas. Ir para África. Fazer a diferença em algo. Algo que me transcenda. E só vejo os anos passarem  e eu sempre à espera que me surja a ideia. Aquela ideia que vai mudar tudo! Que me apareça aquela pessoa que me leve ao meu caminho. Á minha missão nesta vida! E os anos passam e nada acontece, pelo menos de extraordinário.
Mas será que “acontecer” é mesmo isto? Ir acontecendo, ir fazendo... Que o extraordinário é um caminho e não um acontecimento?

Tenho vivido os últimos anos dedicada aos meus filhos, a que nada lhes falte. A dar-lhes e a mostrar-lhes todo o amor que sinto realmente por eles. Num frenesim irreal, a correr de um lado para o outro para que eles possam crescer e fazer as escolhas certas, para que tenham acesso a tudo o que lhes pode eventualmente ser útil, realiza-los no futuro, serem pessoas integras e, principalmente, felizes. O meu amor por eles é tão grande que mesmo assim nada disto ás vezes me parece que chega. Continuo a achar que não faço o suficiente, que falta sempre alguma coisa. Esta insatisfação, não por querer mais mas por querer ser mais. Parece que estou cá em baixo, e me estico e estendo os braços mas não consigo chegar lá acima, onde deveria estar.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Medo # 2


O medo é um monstro que nós desenhamos, colorimos, como numa banda desenhada, damos vida. E depois ele controla-nos.

A minha mente é diabólica, cria cenários horrendos, faz folhetins, e eu não quero, mas ela toma conta do meu pensamento. E não parece, porque tento não ceder, nas minhas atitudes, a essa história macabra que vai dentro da minha cabeça, e verbalizar nem pensar! Por isso pergunto-me: quantos de vós aí, amigos meus, conhecidos... estarão a passar pelo mesmo? A sentir estes medos indizíveis, a consumir-se por dentro e continuar neste teatro que é a vida "normal"?