quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Muitas vezes tenho esta sensação desagradável, de que sempre fiquei na beira da vida, a milímetros de cair, e de viver! Ou que andávamos em linhas paralelas, lado a lado, eu de um, a minha vida do outro. Por cautela, por medo, sei lá. Por vezes, espreitava e ela ali estava: a correr mais depressa, mais colorida, com tudo a passar à minha frente e eu a achar que aquilo não devia ser para mim, que era demais e que era melhor seguir em frente. Parece que nunca fui ao fundo das coisas. Não lutei. Sempre achei que se era preciso lutar era porque não era para mim. Que o que fosse suposto eu viver me aconteceria. E sempre aconteceu, tudo cadenciado e certo para aquele determinado momento. Mas mesmo assim, continuo a ter essa tal sensação desagradável de que me passou muito ao lado…de que, em certas alturas, devia ter mergulhado, de braços e olhos bem abertos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Porta-retrato # 3

Será que me vês? Às vezes tenho essa sensação, quando ando na rua, sózinha, que tu me estás a observar, com um sorriso, aquele que me fazias.
Será que me ouves? É que às vezes eu falo para ti, só para ti, como se aqui estivesses.
Será que me sentes? Como eu te sinto, aqui dentro, colado a mim, numa saudade pegajosa, sem tempo e sem sentido, infinita...

sábado, 8 de outubro de 2011

Des-Ilusões

A principal razão que me faz chorar é a desilusão. Exactamente, como a própria palavra indica, quando existe ilusão e ela cai por terra.
Tenho a ilusão que uma pessoa é "assim" e ela diz uma palavra, ou tem uma atitude que não se coaduna com essa imagem que tinha dela. Vêm-me as lágrimas aos olhos, se não é a primeira vez, ou choro, se é. O pior é que uma, ou duas, ou três desilusões não me conseguem tirar essa ilusão que tenho sobre certas pessoas, e estupidamente elas continuam a desiludir-me. Ou por outras palavras eu sou estúpida em iludir-me vezes e vezes e continuar a teimar na ilusão.
Uma ilusão não é real. Temos a mania que não temos ilusões, pelo menos eu tenho, mas no fundo tudo se resume a isso. E a ilusão maior é a que as coisas, pessoas e situações são permanentes. A ilusão de que não existe a morte. E essa, a morte, é sempre a nossa maior desilusão.
Estava ali sentada, naquela praia que foi “a minha” durante anos e há anos… Entre pensar, olhar o mar, meditar, reparei num casal de namorados sentados numa rocha enorme que se recorta no mar, abraçados, pertencendo. E lembrei-me do teu abraço. Mágico, grande como este mar, envolvente, encaixante, protector.

domingo, 25 de setembro de 2011

Às vezes apetece-me fazer stop, rewind and play….and play…devagarinho, saboreando cada instante, respirando fundo e sentindo tudo outra vez, com a sabedoria de agora… sabendo que tudo passa a correr, o bom e o mau. Só um bocadinho e depois voltar. Stop, forward and play….

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Tenho saudades de mim...
Há dias assim.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Às vezes parece que estou a agir por impulso. Só pela razão ou só pelo coração. Mas não. É instinto. Puro. É saber simplesmente que é assim. Que assim terá de ser, como se já estivesse decidido.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Impermanência # 2

Este sol, este céu, este mar, este cheiro do meu mundo. Parece o mesmo de antes. Cenário igual de mundos distintos. Mas nem isso é. Nem sequer no "nosso" próprio tempo de vida somos o centro do "nosso" mundo… somos ínfimos e só existimos em comunhão com o todo. Tudo muda. Sempre.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Leva-me...

Dá-me a mão, vá! E vamos embora.
Esquecer os dias e voltar a ser.
Passar de lado, olhar em frente
E lembrar tudo.
Dá-me a mão. Não me perguntes nada.
Deixa-me ser infantil, não ter horas.
E ter o tempo todo.
Dá-me a mão e deixa-me simplesmente estar.
Fingir que não sou eu
Fazer de conta que não morremos

Dá-me a mão e não olhes para trás,
Leva-me…

Sempre o tempo...

À medida que vamos crescendo, amadurecendo, deixam de haver fronteiras estanques, barreiras fechadas, dentro e fora de nós.
Entre o bem e o mal, o feminino e o masculino, o branco e o preto, a verdade e a mentira, a felicidade e a infelicidade, o estar e o não estar, a alegria e a tristeza, o amor e o ódio…
A imediatibilidade da adolescência, a urgência em viver, desaparece!
Tudo se torna relativo, tudo se esbate, caem as barreiras e tudo começa a viver em harmonia dentro de nós. Começamos a aceitar os nossos “outros lados”, começamos a ver claramente os dois lados de tudo a coabitar dentro de nós. Percebemos que ninguém é completamente bom nem mau, ninguém é totalmente isto ou aquilo. Que as coisas são como são!
E deixamos de ter tanta pressa. Aprendemos que tudo tem o seu tempo e que não vale a pena lutar contra ele.
Aliás, não vale a pena lutar, simplesmente!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Solidão

Estou só
Estou só neste mundo
De tristeza e solidão
Minha alma chora
Com esta solidão que sinto
Desespero.
Não aguento mais
Esta tortura
É horrível
Nunca pensei que a solidão doia tanto como a que sinto neste momento.


Escrito com 11 anos, o primeiro de muitos com o mesmo sentimento

sexta-feira, 18 de março de 2011

Ainda te embalas? Conheço-te em cada canto. Cada fraqueza, cada ilusão. Conheço aquilo que querias ser, o que querias que eu fosse. Os pés pequenos, as mãos delicadas, o olhar para mim. Só conheci esse olhar, o meu. Tu tinhas outros mas eu não os vi. A ilusão de tudo o que me dedicavas não me deixava ver mais além.
Não lamento nada, faria tudo outra vez, apesar da dor.
Não tenho pena, não podia ter sido de outra maneira. Só foi bom porque a felicidade ficou sempre suspensa.
Quando o amor é destes tem que morrer assim. Tragicamente. É a sua sina.

Não tenho saudades.

sábado, 5 de março de 2011

Verdade ou Consequência

Aprendi muito tarde, tarde demais, a mentir. Foi pena. Muito teria sido poupado.
É preciso saber mentir, sem se ser a mentira.
Não é ser mentirosa. É saber como, quando, quanto mentir. É saber gerir a verdade. Temos que ser verdade, mas não é preciso dizer.
Para nos proteger, para proteger os outros de nós e deles. A maioria das pessoas diz a verdade para se livrar de culpas.
E há esta mania de ensinar as crianças a viver na ditadura da verdade, e não pode ser! Há que ensiná-las a mentir, de verdade. E nada disto é falsidade ou fingimento. É mais uma das questões do saber viver, em verdade!

Máscaras

Adoro o que tinha, fico com saudades até, mas simplesmente não resisto a uma mudança.
A mudança de cenários é-me indispensável.
Nunca tive o “meu” cabeleireiro, o “meu” dentista (por acaso já não mudo há muito tempo…estou eu a mudar!) Toda a vida mudei de ginásio, de actividade física. Farto-me. Preciso de mudar. No apartamento onde vivi durante 11 anos, mudei tudo várias vezes. Dormi em todos os quartos da casa.
Só em relação às pessoas é que não. Mantenho os amigos que posso, adoro reencontros, jantares de ex-colegas e tudo o que faça reviver emoções antigas.
Devia ter ido para actriz, assim podia-me deixar estar mais tranquila na vida real.
O que é engraçado é que não gosto de me mascarar. Dá muito trabalho. As outras mudanças também, mas quando gostamos nada dá trabalho. E é o exterior, não me cativa. E depois tenho imenso medo do ridículo. Acho os mascarados (adultos), a maior parte das vezes, patéticos.
Eu gosto é de mudar o “ser”, brincar aos faz de conta com o que sou e sinto. Mas depois sinto de verdade. Por pouco tempo, mas a sério.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Finalmente chegaram a um acordo. Sem falar, sem combinar, e ao fim de tantos anos a discutir o assunto, a esbarrar nas necessidades um do outro. Já não há desculpas, exigências, dúvidas. É assim, sempre igual. Mordaz. Ambos sabem, não questionam, não falam e é confortável. Será?
Há tédio, há raiva, como em todas as situações caladas.
Passa o dia, pronto, já está.
Mas estarão ambos lá?

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Vieste ver-me. Surpreendeste-me com um toque no ombro que me fez olhar para trás e um calafrio percorreu o meu corpo.
Continuas a tocar aquela música. Continuas a bater certo.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Força

Tenho saudades de sentir com força. As coisas completamente. O sempre e o nunca. Sair e não voltar. Encher o vazio e sentir-me completa. Voar e rasgar o azul. Ir lá e não ter medo. Não ter nada a perder e perder-me, a mim, de mim…
De me soltar e sentir a liberdade de fazer tudo. Entre o espaço de ser e a busca do todo, centrar-me e encontrar-me.
Naquele sitio onde somos sempre mais.
Onde vemos o que não está e sabemos o que é simplesmente ser.

Sempre o tempo

Hoje amanheceu diferente, como sempre. O sol brilhou mais tarde, beijando as nuvens molhadas e pondo a terra a sorrir. As pessoas passam indiferentes a este espectáculo magistral de beleza. O tapete azul cinza mesclado do mar, vem e vai no sentido contrário ao do tempo imposto. Falta sincronia neste concerto da natureza com os homens. Estamos longe do que somos. Afastamo-nos cada vez mais.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sem palavras

Começo o ano com falta de palavras. Não me saem. Nem sonhos tenho tido. Esqueço os adjectivos que qualificam o que sinto. Resolvi por isso, nesta fase, LER.
Seguindo o meu próprio conselho, dado a um pobre rapaz, há muito tempo atrás. Naquele tempo em que a juventude não repara como as palavras podem ferir. E eu, tonta e ingénua, à espera que diálogos interessantes saissem daquela relação, lhe disse: " O teu problema é falta de vocabulário. Tens que ler mais."
Pois é isso que vou fazer agora!