quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Passagem de ano

Cada vez sinto menos esta excitação com a passagem de um ano para o outro. Fazer coisas especiais no último dia do ano, despedidas, telefonemas, como se houvesse eternidades ou um fosso entre este dia e o próximo. Como se amanhã fosse um dia diferente de recomeços, e não fossem assim todos os outros dias. E afinal é simplesmente como o tempo, tudo tão relativo. Neste mundinho em que todos vivemos, neste momento, já é amanhã nuns sítios e ainda é hoje aqui e agora. Só que hoje eles, os que vivem lá longe, já estão no “novo” ano e não só num amanhã qualquer, de um dia qualquer. O que separa o hoje e o amanhã é simplesmente uma noite como todas as outras e em todo o lado.

*****Só para esclarecer que nada disto que escrevi foi com melancolia ou tristeza. Continuo, graças a Deus, a adorar festas e comemorações e dançar e divertir-me. Mas é nesta e em todas as outras noites do ano. E sempre que posso.

***** Escrevi isto há 4 anos no facebook, hoje só tirei o numero do ano e substitui por "novo" no texto principal e acrescentei "E sempre que posso" no esclarecimento porque foi difícil este ano fazer festas, comemorações, dançar (acompanhada pelo menos) e divertir-me. Nisso e noutras coisas espero que o novo ano traga (boas) grandes mudanças.


quinta-feira, 26 de novembro de 2020

E um dia numa dança

Com um toque tudo mudou. Reconheceram-se?

Era uma festa de aldeia dos santos de Agosto, calor, luzes penduradas das árvores e dos postes. O povo dançava esquecendo a vida dura dos campos alentejanos. Chegaram de carro, um grupo de jovens à procura do divertimento diferente das discotecas, do fumo e das luzes néon.

Misturaram-se na multidão, a rir, a conversar e a dançar. Ele e ela, por um simples acaso do destino, deram as mãos, ele rodeou-lhe a cintura com o braço e começaram a dançar. E ao ritmo da dança que aumentava, rodopiaram, seguraram as mãos com mais força, encostaram a cara, os corpos uniram-se e tudo encaixou. Quando a música parou, não se conseguiram afastar logo, olharam-se envergonhados como se fosse a primeira vez. Queriam continuar aquela dança para sempre.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Deixa...

Esquece meu amor

Não ligues aos meus impulsos, á intensidade do que quero que sintas por mim. Amor não se compara. Apesar de tentarmos sempre desde pequeninos querer ser os mais amados. Amor não se conta, nem se descreve. Amor é só sentir. Ou não.

Mas às vezes é grande demais, tão demais que quase rebenta. E o outro lado nunca é suficiente, porque o nosso parece ser único. Inigualável. Porque só nós é que sabemos do que somos capazes.

Desculpa meu amor. Não é culpa tua. Já me deste tanto e nunca prometeste mais. Eu é que devia ter percebido desde o início, desde lá do princípio de tudo, quando ainda não era assim.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Desvarios

Linhas e mais linhas e vidas, paralelas às vezes. Experiências vividas, histórias que paralelamente se completam ou entrecruzam. Pessoas e paixões, amores e desvarios. Encontros e desencontros. 

E mais desvarios. Nesta amálgama de sentimentos experiências pensamentos e saudades que é a vida interior de cada um.  E quem vê de fora não imagina o vendaval que vai por dentro.

Coração desmesurado intenso e louco que procura a planície calma e quente de um fim de tarde de verão para apaziguar a tempestade em que irremediavelmente se tornou. Num desvario. Sem fim no horizonte.


terça-feira, 23 de junho de 2020

Pandemia 5

Estamos aqui todos, no mundo inteiro, a viver as nossas vidas como se isto fosse normal. Olhamos para as redes sociais, para a vida que mostramos ao mundo, e parece tudo normal. Como se só houvesse um pequeno contratempo. Uma fase. Mas não é só um contratempo e pode não ser só uma fase.
Não podemos ir onde nos apetecer.
Não podemos ir a lado nenhum à vontade.
Não podemos ter festas, casamentos, concertos, estar com muitas pessoas.
Não podemos mexer à vontade nas coisas.
Não podemos tocar, abraçar, beijar quem nos apetecer.
Não podemos cumprimentar as pessoas como antes.
Temos de usar uma máscara em montes de sítios.
E digo ali em cima que estamos a viver isto como se fosse normal, tão normal que já toda a gente sabe, opina, manda, no que os outros podem ou não fazer. Como se já tivessem passado por 10 pandemias destas.
Se no princípio estávamos todos com medo e solidários e com o Buda que há em nós à flor da pele. Agora veio ao de cima o Hitler que há em todos os desgraçados que nunca mandaram em nada na vida, que nunca controlaram nada, mas têm pena.
Meninos, não se controla nada mesmo. Nunca.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Pedaços


Sei que me faz mal, mas apetece-me loucamente. E sei que se experimentar uma vez vou querer mais e depois ou volto mais vezes e me faz mal ou foi só aquela vez e custa-me ainda mais deixar.

É como um cigarro.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

em pedaços

Voltar a sentir aquele vazio, aquela dor, a incerteza do sentir. 
Mais uma vez ninguém percebe. Não percebe a dimensão do que sinto e do que sou capaz de fazer e sacrificar. 
Não quero ficar com tudo, quero escolher o amor. 
O resto não é importante para mim, nunca foi.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Pandemia 4

Respeito e admiração pelo General Ramalho Eanes. Comoveu-me a sua entrevista na RTP (agora não é muito difícil comover-me...).
Fico orgulhosa de em miúda ter participado na campanha que o elegeu nosso Presidente e de o ter recebido no comício na minha terra (por engano escreveram Beja quando realmente foi em Estremoz). Estava orgulhosamente a segurar a bandeira de Portugal.
Ele tem aquele carisma de herói. Aqueles princípios morais dos bons militares, de entrega, serviço, solidariedade e camaradagem que nos faz confiar, respeitar e se for preciso, obedecer.


quarta-feira, 1 de abril de 2020

Pandemia 3

Estou sem "cortex" (era o que antes dizíamos de dizer o que se pensa sem pensar e sem censura). Nunca tive muito, mas agora então...
Não sei se é da incerteza dos dias. Se é de estarmos isolados, escudados detrás das paredes. Podemos falar e ninguém nos vê. De não saber o dia de amanhã. De repente nada é seguro. Ninguém sabe mais que nós e ninguém é diferente de nós. Estamos num limbo em que finalmente a frase tema deste blogue faz todo o sentido, é por tudo ou por nada. Tudo o que deixei por fazer, por dizer, por viver. Tem que se realizar. A teoria do viver o presente passa a prática. E já nada faz sentido como era antes.

terça-feira, 31 de março de 2020

Pandemia 2

Desculpem lá mas deixem-se de merdas e politiquices e bairrismos e nazismosÓcovides. Estamos todos no mesmo barco, uns portam-se melhor que outros, mas se isto abana muito vamos todos ao charco. Os números nem sempre estão certos, mas a verdade é que ainda assim estamos melhor do que muitos países (eu sempre disse que pedir aos tugas, e então aos alentejanos, que fiquem no sofá não ia ser difícil). Lembrem-se dos doentes que estão sozinhos. Lembrem-se de quem gosta deles que não podem ir dar-lhes a mão. Lembrem-se dos que morrem sozinhos. Dos amigos e famílias que não os podem acompanhar á ultima morada (seja a morte de covid ou não). E lembrem-se dos médicos, enfermeiros, pessoal hospitalar, de lares, de cuidadores, de forças de segurança, públicos e privados, todos os que estão nas linhas da frente, que são tantas.
Só espero é que depois deste pesadelo, todos juntos possamos ter aprendido alguns ensinamentos, algumas lições, que tenhamos apreendido as prioridades da vida. Que depois e antes da saúde está sempre e só o amor e o amor são os outros.

sábado, 21 de março de 2020

Pandemia 1

Já estou baralhada com tanta coisa para fazer em quarentena.
Ele é visitas virtuais a museus, aulas de ginástica e yoga e danças online, organizar a cozinha e as refeições, fazer máquinas de roupa, aspirar (?), ler todos os artigos e coisas e previsões sobre o corona, mais o livro que engonhamos há semanas, organizar finalmente todas as fotografias no Google Fotos, fazer um puzzle, ver filmes e series.
Escrever! Escrever!
Organizar e escrever os poemas inéditos da Tia Palmira.
Falar com as pessoas ao telefone e por video.
Caramba que não há sossego.
Por isso não se queixem e FIQUEMOS EM CASA!



Ah e falta o ouvir música e dançar como uma maluca que agora tenho desculpa.