sexta-feira, 18 de março de 2011

Ainda te embalas? Conheço-te em cada canto. Cada fraqueza, cada ilusão. Conheço aquilo que querias ser, o que querias que eu fosse. Os pés pequenos, as mãos delicadas, o olhar para mim. Só conheci esse olhar, o meu. Tu tinhas outros mas eu não os vi. A ilusão de tudo o que me dedicavas não me deixava ver mais além.
Não lamento nada, faria tudo outra vez, apesar da dor.
Não tenho pena, não podia ter sido de outra maneira. Só foi bom porque a felicidade ficou sempre suspensa.
Quando o amor é destes tem que morrer assim. Tragicamente. É a sua sina.

Não tenho saudades.

sábado, 5 de março de 2011

Verdade ou Consequência

Aprendi muito tarde, tarde demais, a mentir. Foi pena. Muito teria sido poupado.
É preciso saber mentir, sem se ser a mentira.
Não é ser mentirosa. É saber como, quando, quanto mentir. É saber gerir a verdade. Temos que ser verdade, mas não é preciso dizer.
Para nos proteger, para proteger os outros de nós e deles. A maioria das pessoas diz a verdade para se livrar de culpas.
E há esta mania de ensinar as crianças a viver na ditadura da verdade, e não pode ser! Há que ensiná-las a mentir, de verdade. E nada disto é falsidade ou fingimento. É mais uma das questões do saber viver, em verdade!

Máscaras

Adoro o que tinha, fico com saudades até, mas simplesmente não resisto a uma mudança.
A mudança de cenários é-me indispensável.
Nunca tive o “meu” cabeleireiro, o “meu” dentista (por acaso já não mudo há muito tempo…estou eu a mudar!) Toda a vida mudei de ginásio, de actividade física. Farto-me. Preciso de mudar. No apartamento onde vivi durante 11 anos, mudei tudo várias vezes. Dormi em todos os quartos da casa.
Só em relação às pessoas é que não. Mantenho os amigos que posso, adoro reencontros, jantares de ex-colegas e tudo o que faça reviver emoções antigas.
Devia ter ido para actriz, assim podia-me deixar estar mais tranquila na vida real.
O que é engraçado é que não gosto de me mascarar. Dá muito trabalho. As outras mudanças também, mas quando gostamos nada dá trabalho. E é o exterior, não me cativa. E depois tenho imenso medo do ridículo. Acho os mascarados (adultos), a maior parte das vezes, patéticos.
Eu gosto é de mudar o “ser”, brincar aos faz de conta com o que sou e sinto. Mas depois sinto de verdade. Por pouco tempo, mas a sério.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Finalmente chegaram a um acordo. Sem falar, sem combinar, e ao fim de tantos anos a discutir o assunto, a esbarrar nas necessidades um do outro. Já não há desculpas, exigências, dúvidas. É assim, sempre igual. Mordaz. Ambos sabem, não questionam, não falam e é confortável. Será?
Há tédio, há raiva, como em todas as situações caladas.
Passa o dia, pronto, já está.
Mas estarão ambos lá?