Perdem-se oportunidades de evolução, perdem-se experiências boas, às vezes perde-se a vida…com esta mania de nos agarrarmos a situações ou pessoas com a ilusão de que o que gostamos não vai mudar nunca. É impressionante. Parece tão fácil interiorizar, porque no fundo já sabemos, que nada é permanente.
O contrário também vale. Muitas vezes por medo, a coisas e situações adversas ou desconhecidas, por que temos que passar para alcançar outras, simplesmente não vamos. Se admitíssemos que nada é permanente, sabíamos que o mal passa tão depressa como o bom. E o importante é viver hoje.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Cheiros # 3
Outro dia quando acordei abri a janela e entrou aquele cheiro de certas manhãs!
Como sempre que algum destes cheiros aparece, fechei os olhos e fui lá.
Aquelas manhãs de outrora, quando estávamos de férias na praia e o mundo cheirava assim de manhã. E levantava-me e ia tomar o pequeno-almoço na cozinha. Naqueles pratos e chávenas de plástico duro, às cores. Oh como tudo sabia melhor naqueles pratos às cores. Estou a vê-los, amarelo, lilás, laranja, encarnado, verde claro, azul.
Só os usávamos nas férias, estavam todo o ano guardados numa arca de vime grande e a minha mãe levava-os para não usarmos as loiças das pessoas das casas que alugávamos no verão. E continuo a ver aquilo tudo. O meu corpo ainda com cheiro a lavado, bronzeado, pele lisa. Os cabelos revoltos com as ondas firmes de secarem na almofada. E o coração em sobressalto pelo começo de mais um dia de praia, sempre cheio de emoções, de reencontros, de palavras que não se dizem mas se adivinham. Olhares que se trocam entre mergulhos no mar e corridas na areia e concurso de saltos no pontão. E combinam-se festas de garagem e idas ao cinema em que ocupávamos filas inteiras e talvez a sorte de ficar ao lado. Porque nessa altura quase tudo estava no sitio certo.
Como sempre que algum destes cheiros aparece, fechei os olhos e fui lá.
Aquelas manhãs de outrora, quando estávamos de férias na praia e o mundo cheirava assim de manhã. E levantava-me e ia tomar o pequeno-almoço na cozinha. Naqueles pratos e chávenas de plástico duro, às cores. Oh como tudo sabia melhor naqueles pratos às cores. Estou a vê-los, amarelo, lilás, laranja, encarnado, verde claro, azul.
Só os usávamos nas férias, estavam todo o ano guardados numa arca de vime grande e a minha mãe levava-os para não usarmos as loiças das pessoas das casas que alugávamos no verão. E continuo a ver aquilo tudo. O meu corpo ainda com cheiro a lavado, bronzeado, pele lisa. Os cabelos revoltos com as ondas firmes de secarem na almofada. E o coração em sobressalto pelo começo de mais um dia de praia, sempre cheio de emoções, de reencontros, de palavras que não se dizem mas se adivinham. Olhares que se trocam entre mergulhos no mar e corridas na areia e concurso de saltos no pontão. E combinam-se festas de garagem e idas ao cinema em que ocupávamos filas inteiras e talvez a sorte de ficar ao lado. Porque nessa altura quase tudo estava no sitio certo.
Ligações
Outro dia ao abrir o FB li que eu e tu “partilharam uma ligação”!
Em realidade isto não quer dizer nada de muito interessante, é simplesmente que publicamos a mesma canção ou poema ou texto…Dito assim até que é giro. Mas enfim, comoveu-me. Nós que nunca partilhamos nada, muito menos uma ligação, que parece uma coisa tão séria, tão concreta. Se calhar estou errada, até é possível que tenhamos partilhado…sonhos, talvez, não sei. Pergunto-te então:
Alguma vez sonhaste comigo? Houve dias e dias inteiros em que a minha cara, o meu sorriso, o meu olhar não te saía da cabeça? Levantavas-te de manhã para ir para escola com a alegria de ser mais um dia em que me ias ver? Odiavas os fins de semana porque não me podias ver? Achavas que a altura melhor do dia era, no final das aulas, os 10 minutos que levávamos a percorrer o caminho da escola até ao sítio em que tínhamos que dizer até amanhã? Adoravas os dias de chuva porque nesses dias partilhávamos um guarda chuva e tínhamos uma desculpa para caminhar juntinhos? Sentias o toque da minha mão, que por acaso tocava a tua, e todo o teu corpo vibrava? E querias mais? Muito mais? E nunca tivemos…E tudo não passou de um sonho? E nas festas, não te sentiste mal por não ter a coragem de ir para o pé um do outro e dançar aquela música, juntos, com uma mão dada e com a cara encostada, só isso...
Se sentiste isto tudo, então sim, há muito tempo, já tínhamos partilhado uma ligação!
Em realidade isto não quer dizer nada de muito interessante, é simplesmente que publicamos a mesma canção ou poema ou texto…Dito assim até que é giro. Mas enfim, comoveu-me. Nós que nunca partilhamos nada, muito menos uma ligação, que parece uma coisa tão séria, tão concreta. Se calhar estou errada, até é possível que tenhamos partilhado…sonhos, talvez, não sei. Pergunto-te então:
Alguma vez sonhaste comigo? Houve dias e dias inteiros em que a minha cara, o meu sorriso, o meu olhar não te saía da cabeça? Levantavas-te de manhã para ir para escola com a alegria de ser mais um dia em que me ias ver? Odiavas os fins de semana porque não me podias ver? Achavas que a altura melhor do dia era, no final das aulas, os 10 minutos que levávamos a percorrer o caminho da escola até ao sítio em que tínhamos que dizer até amanhã? Adoravas os dias de chuva porque nesses dias partilhávamos um guarda chuva e tínhamos uma desculpa para caminhar juntinhos? Sentias o toque da minha mão, que por acaso tocava a tua, e todo o teu corpo vibrava? E querias mais? Muito mais? E nunca tivemos…E tudo não passou de um sonho? E nas festas, não te sentiste mal por não ter a coragem de ir para o pé um do outro e dançar aquela música, juntos, com uma mão dada e com a cara encostada, só isso...
Se sentiste isto tudo, então sim, há muito tempo, já tínhamos partilhado uma ligação!
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Amores
Assumo a sua importância e guardo comigo as pessoas da minha vida
Não recalco sentimentos, não os escondo, nem anulo
Trago-os ao de cima, vivo e vibro com eles
Eu sou um pouco de todos
O fim
Ela saiu naquele dia mais leve, sorrindo. Com aquele vestido preto onde se sentia inteira. Pôs as sandálias altas, para ver o mundo mais de cima e atou o cabelo comprido com um elástico para sentir o vento no pescoço. Não levou mala, só as chaves no bolso e os óculos escuros. Ainda não sabia.
E andou, andou. Vagueou pelas ruas que conhecia de sempre, sorriu a quem passava. E continuou a andar como se fosse para algum lugar. Como se alguém a esperasse. Fingiu que era outra. Passou na esplanada e não parou. Ouviu o seu nome e virou a cara. Começou a sentir que o mundo era outro e ela passava como se também fosse. Tirou as sandálias e correu descalça, para chegar lá mais depressa, antes do fim. Ofegante, sôfrega, corria. Parou ao sentir o fresco da areia nos pés. O vento continuava a acariciar-lhe o pescoço. E viu-o. Grande, imenso, brutal. Fechou os olhos e deixou-se cair.
E andou, andou. Vagueou pelas ruas que conhecia de sempre, sorriu a quem passava. E continuou a andar como se fosse para algum lugar. Como se alguém a esperasse. Fingiu que era outra. Passou na esplanada e não parou. Ouviu o seu nome e virou a cara. Começou a sentir que o mundo era outro e ela passava como se também fosse. Tirou as sandálias e correu descalça, para chegar lá mais depressa, antes do fim. Ofegante, sôfrega, corria. Parou ao sentir o fresco da areia nos pés. O vento continuava a acariciar-lhe o pescoço. E viu-o. Grande, imenso, brutal. Fechou os olhos e deixou-se cair.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
«Ela estava sempre nos "bastidores"»
(Á minha querida Tia Palmira)
Ela lá estava
Sempre presente
Nas horas boas e más
Sempre por detrás de tudo,
E de todos
Ninguém reparava, nem eu
Mas agora noto e sinto aquela presença
Em todos os acontecimentos da minha vida
Ela estava lá sempre
Nos "bastidores" de tudo!
Nunca foi Mãe, nem Avó
Mas para mim foi tudo isso junto
e mais qualquer coisa
Ela sempre fez parte do cenário da minha infância e da minha adolescência,
enfim, da minha vida
Partilhando as alegrias e tristezas de todos
E eu sem a notar!
Sem lhe dar o merecido destaque
Porque ela nunca teve a alegria de ter um filho, ou a de ver nascer vida duma vida que deu ao Mundo
Mas sempre as preocupações e o amor duma Mãe, e mais tarde, duma Avó
E por isto tudo
Que só agora há pouco tempo dei conta
Ela jamais terá um lugar secundário no meu coração
Mas ficará, sim, colocada ao lado dos lugares de Avó e Mãe
Pois ela é tudo isso e muito mais!
(escrito quando tinha 17 anos, no Natal)
Ela lá estava
Sempre presente
Nas horas boas e más
Sempre por detrás de tudo,
E de todos
Ninguém reparava, nem eu
Mas agora noto e sinto aquela presença
Em todos os acontecimentos da minha vida
Ela estava lá sempre
Nos "bastidores" de tudo!
Nunca foi Mãe, nem Avó
Mas para mim foi tudo isso junto
e mais qualquer coisa
Ela sempre fez parte do cenário da minha infância e da minha adolescência,
enfim, da minha vida
Partilhando as alegrias e tristezas de todos
E eu sem a notar!
Sem lhe dar o merecido destaque
Porque ela nunca teve a alegria de ter um filho, ou a de ver nascer vida duma vida que deu ao Mundo
Mas sempre as preocupações e o amor duma Mãe, e mais tarde, duma Avó
E por isto tudo
Que só agora há pouco tempo dei conta
Ela jamais terá um lugar secundário no meu coração
Mas ficará, sim, colocada ao lado dos lugares de Avó e Mãe
Pois ela é tudo isso e muito mais!
(escrito quando tinha 17 anos, no Natal)
«As minhas duas velhas queridas»
Estão velhas e cansadas
aquelas duas velhas queridas
cansadas da vida que já viveram,
calmamente,
com aquela calma de outrora
Tão iguais em seus destinos
mas tão diferentes em pensamento
Uma pôs toda a sua juventude e amor nos filhos e agora nos netos
Vive deles e para eles
A outra, como viveu!
Levou a sua vida a mostrar aos outros a justiça humana e os seus próprios sentimentos
Ela pensava,
E escrevia
Agora que resta da poetisa de outrora?
Ainda uma pensadora
mas já não escreve, Diz!
E eu, ao vê-la tratar das suas múltiplas flores vejo esta viagem no tempo,
Este transporte
Todo o seu amor já não o exprime no papel, mas sim nas flores e a sua justiça foi abalada pelas desilusões sofridas.
São as minhas duas velhas queridas!
cada uma passando o seu dia-a-dia a cuidar das suas "primaveras",
Pois o seu "Inverno" chegou...
(escrito quando tinha 16 anos, para as minhas queridas Avó e Tia)
aquelas duas velhas queridas
cansadas da vida que já viveram,
calmamente,
com aquela calma de outrora
Tão iguais em seus destinos
mas tão diferentes em pensamento
Uma pôs toda a sua juventude e amor nos filhos e agora nos netos
Vive deles e para eles
A outra, como viveu!
Levou a sua vida a mostrar aos outros a justiça humana e os seus próprios sentimentos
Ela pensava,
E escrevia
Agora que resta da poetisa de outrora?
Ainda uma pensadora
mas já não escreve, Diz!
E eu, ao vê-la tratar das suas múltiplas flores vejo esta viagem no tempo,
Este transporte
Todo o seu amor já não o exprime no papel, mas sim nas flores e a sua justiça foi abalada pelas desilusões sofridas.
São as minhas duas velhas queridas!
cada uma passando o seu dia-a-dia a cuidar das suas "primaveras",
Pois o seu "Inverno" chegou...
(escrito quando tinha 16 anos, para as minhas queridas Avó e Tia)
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