Ela saiu naquele dia mais leve, sorrindo. Com aquele vestido preto onde se sentia inteira. Pôs as sandálias altas, para ver o mundo mais de cima e atou o cabelo comprido com um elástico para sentir o vento no pescoço. Não levou mala, só as chaves no bolso e os óculos escuros. Ainda não sabia.
E andou, andou. Vagueou pelas ruas que conhecia de sempre, sorriu a quem passava. E continuou a andar como se fosse para algum lugar. Como se alguém a esperasse. Fingiu que era outra. Passou na esplanada e não parou. Ouviu o seu nome e virou a cara. Começou a sentir que o mundo era outro e ela passava como se também fosse. Tirou as sandálias e correu descalça, para chegar lá mais depressa, antes do fim. Ofegante, sôfrega, corria. Parou ao sentir o fresco da areia nos pés. O vento continuava a acariciar-lhe o pescoço. E viu-o. Grande, imenso, brutal. Fechou os olhos e deixou-se cair.
1 comentário:
Que coisa mai linda Açuzena..:-) Muito agradecida por partilhares, bêjo enorme
Enviar um comentário